Independência de verdade tem que ter o povo na luta
Maria Quitéria de Jesus Medeiros, Joana Angélica de Jesus e Maria Felipa de Oliveira. Nos tempos onde pessoas se transformaram em números mórbidos diários, nomes de gente simples podem ser facilmente confudidos diante da pandemia. De maneira omissa, muitas vezes deixamos de eternizar aqueles que merecem homenagens, pois apenas colocamos celebridades, sub-celebridades, políticos e figurões nos panteões da glória.
Essas mulheres são nomes imortais. Maria Quitéria combateu no front de batalha quando a figura feminina era impedida de integrar forças armadas. A sóror Joana Angélica ficou na frente das tropas para que abrigados no Convento da Lapa não fossem subjugados e mortos. Maria Felipa, mulher negra corajosa e mobilizadora que resistiu bravamente às tropas portuguesas em Itaparica. O ano de 1823 marcou a história com a verdadeira representação do povo baiano e brasileiro. Caboclos e cablocas, gente do povo, eu, você, nós!
O nosso Reconcâvo e a capital resistentes em terra e mar. Negros libertos e aqueles ainda cativos, brancos pobres, mulheres, pescadores, índios, sertanejos, artesões e experientes navegadores com armas ou com punhos cerrados lutaram para que tívessemos a verdadeira libertação do colonialismo opressor e usurpador do que pertencia ao povo.
Os séculos passaram…
Novamente cativos, usurpados, aprisionados, subjugados, violentados. Uma diferença: inertes. Somos meros espectadores de nossa própria história. Diferente da atitude daqueles que nos antecederam, hoje assistimos nossas vidas sendo destruídas e tudo que conquistamos sendo roubado. A tão sonhada independência virou lenda contemporânea e não figuraremos em nenhum livro ou artigo que contar sobre esses últimos anos. Joana, Felipa e Quitéria se envergonhariam de nossa postura omissa em não enfrentar a opressão.
Mas, ao nascer do sol do Dois de Julho que emoldura o dia vitorioso e tomados pela atitude dos jovens entregadores por aplicativos; dos jovens engajados; das mulheres negras, dos grupos antifascistas; dos coletivos culturais; do movimento LGBTQIA+; dos grupos teatrais e artísticos; mobilizadores sociais, ou seja, o povo brasileiro de verdade, sejamos firmes e retomemos o fio da História que começou a ser escrita por Maria Felipa, Joana Angélica, Joana Angélica e tantos do povo
Que o Sol que brilha mais que o primeiro esquente os corações que não combinam com ridículos tiranos.
Viva a verdadeira Independência do Brasil!
Viva o (verdadeiro) povo heróico brasileiro!
Humberto Costa é presidente da ASMS
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