As pessoas vinculam sua vida ao trabalho, criando laços de dependência difíceis de serem rompidos. Assim, a decisão de desvincular-se da vida produtiva tende a gerar temor, pois a aposentadoria é capaz de provocar mudanças importantes na vida das pessoas, em especial quando os vínculos estabelecidos são profundos. Para muita gente ainda na parte considerada como “ativa”, a aposentadoria é significada como inutilidade e indício de velhice, chegando a ser considerada como o “fim”, e o “prenúncio da morte.
Temos a cultura de que o trabalho é um dos pilares da autoestima, identidade e senso de utilidade. Como se da prática laboral dependesse a existência e quando ela cessa, o indivíduo deixar de existir sendo chamado de inativo. No serviço público, isso é ainda mais latente, mais explícito e dolorido.
O termo inativo remete à insignificância social, econômica e até mesmo cultural. Excludente por natureza, a palavra cria um consciente coletivo que de forma sutil, por exemplo, deixa com que os aposentados do serviço público municipal de Salvador amarguem mais de cinco anos sem reajustes salariais. Faz com quem políticos chamem aposentados de vagabundos e até mesmo colegas, não percebam que o futuro que lhes aguarda é o mesmo que vivenciamos atualmente.
Temos feito um trabalho incansável na defesa dos colegas aposentados da saúde e de toda a Prefeitura de Salvador.
Entendemos que existe um fosso imenso que distancia as duas categorias dentro do mesmo serviço público. Fizemos muito pela cidade. Ajudamos a construir a história da capital baiana ao longo dos anos com nossos esforços e intelectos. Cada colega em cada órgão da administração pública foi importante para solidificarmos os resultados atuais que permitem identificar Salvador como uma cidade em constante desenvolvimento.
Fomos nós, servidores aposentados, que participamos de duros momentos na defesa da democracia e do direito de mobilização para hoje nossos colegas – ainda em serviço – possam continuar a luta por avanços trabalhistas. Essa história nunca se apagará em nossas memórias e ficou marcada na cena política e social.
A nossa ASMS tem orgulho de fazer a defesa do servidor público aposentado de Salvador. Enfrentar preconceitos, adversidades, falta de vontade política e muitos obstáculos nos mostra a necessidade de permanecer nessa trincheira em nome de tudo que fizemos e ainda continuamos a fazer pela cidade e pelos nossos colegas ainda em serviços.
17 de junho é Dia do Servidor Público Aposentado e deixamos sempre a reflexão do Efeito Orllof para que os jovens compreendam a necessidade de encampar essa luta para garantir um futuro sustentável durante a sua aposentadoria.
Humberto Costa é presidente da ASMS
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