O sucateamento da cultura não é novidade nas sociedades onde governantes temem o refinamento da consciência social dos povos. Destruir a história, sufocar tradições e colocar obstáculos para acessar espaços de produção cultural são expedientes utilizados por aqueles que buscam a dominação ou o emburrecimento coletivo.
Há cerca de dois anos, a cultura passa por um processo de quase morte por uma política governamental sórdida orientada pelo Palácio do Planalto e conduzida por um ex-ator de aparição juvenil na tevê. Está em curso no país, uma agenda discriminatória, excludente, fascista e sufocadora. Os órgãos ligados à cultura tiveram seus recursos cortados e o que tem no cofre patrocina eventos de cunho neopentecostal.
Além dos cortes financeiros dessa atitude reducionista, a censura contra as produções nacionais mostra a face destruidora de um governo que usou a pandemia para tornar sua estratégia ainda mais exitosa.
Na capital baiana, a situação também não é diferente. Vivemos uma desestruturação do cenário cultural onde as pessoas estão sendo privadas do acesso à verdadeira cultura em favor de uma política comercial do show business. A busca por atender aos setores que produzem eventos comerciais é muito maior que a política governamental para garantir que museus, teatros, bibliotecas, livrarias, cinemas, feiras e apresentações artísticas possam sobreviver no pós pandemia.
A juventude não pode ser impedida de acessar o mundo através da cultura e entender a sua própria existência por meio do universo cultural vasto que também permitirá formar consciência crítica para enfrentar os tempos sombrios vividos atualmente.
Não há como não questionar: a quem interessa sufocar a cultura?
Humberto Costa é presidente da ASMS
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