A saída da comitiva de Jair Bolsonaro de uma recepção em Nova York, na noite desta segunda-feira (20), teve um princípio de confusão com manifestantes contrários ao presidente.
Um grupo de cerca de dez pessoas gritava palavras de ordem contra o mandatário, como “genocida” e “assassino”, em frente à residência da missão brasileira junto à ONU (Organização das Nações Unidas), no Upper East Side. Bolsonaro jantou no local e já tinha presenciado o protesto ao chegar à recepção —ele fez um sinal de “menos” com as mãos para o grupo.
Ao lado dos manifestantes estava um caminhão com um telão que havia circulado o dia todo pelas ruas de Nova York exibindo mensagens como “Bolsonaro is burning the Amazon” (Bolsonaro está queimando a Amazônia, em inglês). O veículo rondou os quarteirões vizinhos ao prédio onde o presidente estava durante o jantar.
Ao sair do local, Bolsonaro interrompeu sua comitiva e começou a gravar um vídeo, com a ajuda de auxiliar, mostrando os ativistas ao fundo e apontando para eles, o que irritou o grupo. Até o momento da publicação deste texto, o vídeo não havia sido publicado no Twitter ou no Facebook do presidente.
Depois de alguns minutos, o mandatário entrou em seu carro para ir embora, protegido pela escolta. Enquanto os veículos partiam, um caminhão dirigido pelos manifestantes tentou se colocar no meio da comitiva e travar a saída de uma van que levava convidados do presidente.
Seguranças que monitoravam o deslocamento, na calçada, intervieram para permitir a saída das vans restantes.
Alguns dos convidados de Bolsonaro responderam aos manifestantes antes de entrar nos veículos, fazendo gestos com as mãos e batendo nos vidros enquanto um dos automóveis ia embora.
O presidente não falou com a imprensa. Ele está em Nova York para fazer o discurso de abertura da Assembleia-Geral da ONU na manhã desta terça (21).
A intervenção com os caminhões foi elaborada por um grupo de ativistas brasileiros e americanos e financiada por organizações não governamentais ligadas ao meio ambiente e à defesa da democracia no Brasil.
A ação é capitaneada pelas organizações Amazon Watch e US Network for Democracy in Brazil (Rede dos Estados Unidos pela Democracia no Brasil), que estimam terem gasto US$ 1.800 (cerca de R$ 9.500) por dia de intervenção. Outras organizações envolvidas na iniciativa preferiram o anonimato para evitar retaliações do governo brasileiro.
Os veículos circularam nesta segunda e repetirão a dose na terça.
Publicado em Folha de São Paulo no dia 20 de setembro de 2021. Reprodução.
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