Com o Natal, o espírito decorativo das pessoas se aflora e os lares se preenchem com luzes e enfeites típicos, tais como pinheirinhos, pisca-pisca, mini presépios. Mas se essa decoração alegra e encanta, por outro lado também pode render graves acidentes, especialmente se os itens decorativos usados estiverem em mau estado, em lugares arriscados e sem supervisão.

Crianças e idosos costumam ser as principais vítimas. Se os pequenos, vislumbrados pelo que veem, não imaginam os perigos, os veteranos, por conta de declínios e problemas de saúde, podem enfrentar dificuldades em reconhecer, desviar e atravessar verdadeiros obstáculos em seu caminho. Em casa, considere ainda a presença —curiosidade— dos animais de estimação.

Gatos, por exemplo, ficam empolgados com decorações que possam escalar, puxar, derrubar, além de servir de esconderijo. Se tiver um pet com esse perfil, o ideal é que a árvore de Natal fique protegida, ou nem seja colocada, e os pisca-piscas fora de alcance. Os enfeites também devem ser mais pesados, para não quebrar facilmente, sem brilhos, linhas e livres de toxicidade.

Uma árvore de Natal da altura de uma pessoa pesa entre 7 e 10 kg, se ela se virar sobre uma criança pequena, que gosta de explorar e se apoiar em móveis, as consequências podem ser bem sérias, de hematomas a fraturas. Para evitar esse tipo de acidente, prenda a árvore com parafusos a um suporte firme e instale cercados em volta dela, ou tenha uma menor e no alto.

Pais ou cuidadores precisam ainda se certificar sobre os galhos das árvores que podem ferir a pele e furar os olhos das crianças. Árvores naturais não são menos perigosas, pois sem verificação, podem abrigar insetos, como aranhas e formigas”. Materiais inflamáveis, se iluminados, podem aquecer e provocar incêndios, também possíveis quando se sobrecarrega tomadas ou se utiliza pisca-piscas antigos, ou sem regulamentação do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia). Por isso, não deixe árvores acesas durante a madrugada e sem supervisão e utilize produtos novos e legalizados.

Tem presépio? Proteja-o em uma caixa transparente. Cores, texturas, formatos e brilhos de enfeites natalinos atraem crianças menores, que podem querer levar esses itens à boca. “Elas podem se engasgar, asfixiar e há substâncias tóxicas nos enfeites”, explica Pedro Cavalcante, especialista em pediatria pelo Instituto da Criança da USP (Universidade de São Paulo). Outra preocupação diz respeito às lâmpadas, que se forem muito intensas e com movimentos alternados e rápidos demais, de acende e apaga, podem induzir convulsão, especialmente em crianças com epilepsia por fotossensibilidade, diz Ejzenbaum.

O efeito das luzes num cérebro hiperativo acaba produzindo desconfortos diversos, tais como náuseas, tontura e mal-estar. Ao se usar luzes elétricas, tenha atenção igualmente com a instalação. Cabos soltos servem para brincadeiras e se enrolados ao redor do pescoço de crianças, podem estrangulá-las. Agora, para se evitar choques, tenha certeza de que nenhum fio esteja desgastado, com lâmpadas em curto, ou pressionado por móveis e tapetes. Deixe-os longe de ventilador, plásticos e papel.

Indivíduos com condições de saúde que cursam com reduções ou alterações de mobilidade, visão, coordenação motora e cognitiva, precisam de espaço para circulação e apoio, sem nada que bloqueie passagens. Então, melhor que se instale árvores e enfeites grandes de Natal apenas em cantos ou áreas externas, como varandas e fachadas, e sem fiações pelo caminho. Se o idoso não for tão vigoroso, mas capaz de agir com consciência, ninguém tem o direito de impedi-lo de fazer o que quer, como subir em escadas, mexer em rede elétrica ou carregar peso.

Quem não tem sensibilidade nos pés, como portadores de neuropatia diabética (quando o diabetes não controlado afeta os nervos periféricos) deve avaliar se vale a pena ter enfeites de vidro, ainda mais pendurados, pois se caem e quebram, podem ferir algum desavisado ou sem que se perceba. Com netos em casa, peça para que não espalhem seus presentes pelo chão.

Publicado em VivaBem/Uol. Reprodução citada a fonte.