Nos últimos três anos, as mortes associadas à hipertensão cresceram quase 48% no Brasil, com um salto principalmente pós-Covid. Entenda como esta condição não controlada é um fator de risco para diferentes problemas de saúde, incluindo AVC.
Inimigo silencioso
A prevalência de hipertensão arterial na população brasileira é de cerca de 1 em cada 4 adultos (24%), mas pode chegar a 62,5% em pessoas acima de 65 anos. Entre as faixas etárias mais jovens (até 34 anos), o percentual varia de 8,2% a 10,1%.
Mesmo assim, quase 7 em cada 10 (66%) brasileiros com pressão alta não fazem o controle da doença. Isso porque, na maioria dos casos, a manifestação da doença é assintomática.
Mas primeiro, o que é a pressão alta? E como saber se a sua pressão arterial está elevada?
Hipertensão é uma doença que eleva a pressão com que o sangue circula nas artérias e veias. A doença é multifatorial, ou seja, não tem uma causa única, mas os médicos buscam por sinais como histórico familiar, sedentarismo, obesidade, tabagismo e o consumo excessivo de sal na hora de avaliar o risco.
No último mês, a Sociedade Brasileira de Cardiologia lançou uma nova diretriz com formas de medição da pressão arterial para melhorar o diagnóstico de hipertensão.
A principal mudança é que o diagnóstico definitivo de hipertensão arterial não deve considerar apenas os resultados obtidos nas medidas realizadas em consultórios.
Entenda: há duas formas de medir a pressão arterial. Ela pode ser feita pelo médico no consultório ou no dia a dia do paciente em casa.
No consultório…. Muitos pacientes ficam ansiosos, aumentando a pressão arterial minutos antes da medição pelo médico, o que pode levar ao diagnóstico incorreto de hipertensão.
Por outro lado, há portadores de pressão alta que não fazem o controle em casa e apresentam pressão arterial baixa no consultório. Esses também podem ter o diagnóstico incorreto.
A diretriz visa destacar a importância da combinação de métodos para a medição dentro de casa, a MAPA (monitorização ambulatorial da pressão arterial), onde o paciente faz as medidas durante 24 horas com um aparelho que fica preso à cintura, e a MRPA (monitorização residencial da pressão arterial), cujos valores são medidos por cinco dias às manhãs e às noites com um aparelho, com o diagnóstico no consultório clínico.
Neste caso, a Sociedade Brasileira de Cardiologia considera pressão arterial elevada de 140 por 90 mmHg (conhecida por 14 por 9, na linguagem popular), em consultórios, enquanto em casa uma pressão já considerada acima do normal é de 130 por 80 (13 por 8).
Mortes associadas à hipertensão
O país registrou um aumento das mortes associadas à hipertensão nos últimos três anos, passando de 26.560 óbitos, em 2019, para 39.220, em 2022 (um salto de 47,67%).
Em paralelo, 7 a cada 10 municípios brasileiros terminaram 2023 sem atingir a meta de controle de hipertensão e diabetes, segundo dados do Previne Brasil, programa federal que vincula parte dos recursos da atenção primária ao cumprimento de metas assistenciais.
Como mostrei em reportagem na Folha, o país não conseguiu reduzir as mortes por causas preveníveis — aquelas que podem ser evitadas com medidas de atenção à saúde e de prevenção de fatores de risco, como diabetes, hipertensão e obesidade.
Após um período de excesso de mortalidade, principalmente devido à Covid e às dificuldades de recomposição dos sistemas de saúde nacionais, resta saber se medidas mais eficazes de implementação de programas como Saúde da Família, parte da estratégia de Atenção Primária à Saúde (APS) serão implementados.
Assim, um bom controle da hipertensão e a manutenção da pressão arterial passa pela alimentação equilibrada, prática regular de atividade física e políticas públicas de apoio à prevenção da saúde.
Publicado originalmente em Newsletter Cuide-se. Reprodução total citada a fonte.
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