Somos um povo dito alegre, acolhedor, hospitaleiro. Isso parece não valer para os conterrâneos. O racismo no Brasil é latente e corrosivo na sociedade. O preconceito racial espanca, mata e destrói todos os dias seja em Salvador, Porto Alegre, Manaus, São Paulo ou Rio de Janeiro.
Cada olhar de repulsa, declaração preconceituosa ou impedimento para o povo negro faz com que a ferida feda ainda mais no tecido social. Somos um dos países que mais matam o povo preto da periferia. Somos o povo que mais invisibiliza o negro no subemprego ou nas sarjetas frias das ruas.
Somos um mercado onde a estética tenta enbraquecer a pele negra e alisar o cabelo crespo. Somos uma sociedade doente que não aceita a cor da pele preta nos espaço de poder e nos postos de gestão. Para cada negro no Brasil existe um cartucho de arma de fogo para colocar seu nome ou uma atitude vil para destruir seu espírito.
A luta contra o racismo vai além das políticas públicas governamentais. É preciso curar a sociedade de seus conceitos e preconceitos de uma europanização que insiste em invocar a miscigenação para definir o povo brasileiro.
A África vive em nós em todo canto do mundo e se fez em berço da civilização desde sempre. Não há como não sentir os laços da Mãe África em tudo que somos. Não dá mais para aceitar que pessoas insistam em animalizar o povo negro como fizeram os colonizadores.
Atitudes humanas precisam prosperar. Vidas negras importam, pois são vidas e toda vida importa para o fomento social e cidadão. Cada corpo negro que tomba em meio à uma poça de sangue ou sufocado pelo joelho opressor faz sofrer tantas outras pessoas que tem amor e respeito no coração.
O racismo é uma mazela e tenho a esperança de que sim, nós podemos mudar essa realidade. Sonho a liberdade e o respeito para todos.
Sim, eu tenho um sonho!
Humberto Costa é presidente da ASMS
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