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O Véio Quaker e o Menino da Porteira – por Lelê Teles

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“Essa pegou todos os futurólogos de calça curta”, gracejou o clarividente e quiromante Mestre Cafuna.

“Quem diria”, ele prossegue em um áudio enviado pelo zap, “que na canção O Menino da Porteira, o sertanojo Sérgio Reis, uma berrante aberração, em verdade prestava uma homenagem ao infante Ricardo Salles”.

Com mil diabos, como eu nunca havia pensado nisso? Ao tocar o berrante e convocar o gado bípede para uma manifestação golpista na Capital Federal, muitos velhos fãs, e fãs velhos de Sérgio Reis estranharam seu novo posicionamento político.

Isso porque o Véio da Quaker já rasgou elogios a Lula da Silva e outrora esteve aboletado em palanques do Petê.

Muitos creem que a confusão mental de Sérgio Reis pode ser consequência de uma terrível queda que ele sofreu em 2012, em Minas Gerais, quando voou involuntariamente de um palco de 2 metros de altura, o que provocou, segundo laudo médico, uma perda de consciência.

Talvez isso explique, em partes, o porquê de nosso valente sertanejo urbano ser contra o lockdown e ao mesmo tempo convocar um lockout, dizendo que o país inteiro vai parar por tempo indeterminado.

A queda, e a consequente pancada na cabeça, pode explicar essa estranha contradição, mas tem mais coisa aí.

Se esquecem, os que ouvem música feita para chifrudos, que o nosso trânsfuga, depois de sua aventura petista, caiu nos braços de Temer, o conspirador, e que no governo do Usurpador, Reis, então parlamentar, encheu as burras com emendas milionárias.

Ora, não importa de que altura ele tenha caído, se não rasga dinheiro, louco não está.

E por falar em dinheiro, o Véio Quaker já deu uma grande força ao Necrarca quando este ameaçava cair pra dentro das terras kayapó para meter a mão nos minérios com a ajuda das mineradoras amigas.

Reis defendeu assim as investidas dos bandeirantes modernos tarados por ouro e pedras preciosas: “Estamos fazendo com que o índio brasileiro tenha a vida que ele merece. Estão sentados em cima de uma fortuna que todo mundo quer. O Bolsonaro falou que o índio tem que viver como o índio americano. É um índio que quer vencer”.

Ora, ora, ora. “Captei a vossa mensagem”, devolvi o áudio ao criador do cafunismo, emulando o bordão de Rolando Lero.

Pra mim, está claro como a luz do sol que esse lance do menino da porteira, de passar a boiada, destruir floresta, criar gado e roubar minérios, já tava descrito naquela canção.

É Ricardo Salles aquele menino.

Quem iria imaginar que aquele pirralho franzino e peralta iria se transformar no ecocida gadificado que ministraria o nosso meio ambiente?

Ouça mais um vez, e dessa vez com atenção, o que disse outrora o golpista de agora:

“Toda vez que eu viajava pela Estrada de Ouro Fino. De longe eu avistava a figura de um menino

Que corria pra abrir a porteira e depois vinha me pedindo

Toque o berrante seu moço que é pra eu ficar ouvindo

Quando a boiada passava e a poeira ia baixando, eu jogava uma moeda e ele saía pulando

Obrigado boiadeiro, que Deus vá lhe acompanhando pra aquele sertão à fora meu berrante ia tocando…”

Metáforas, camaradas, metáforas futurísticas sertanejas.

O menino Salles, como todos sabemos, e como nos mostra a canção, desapareceu e nunca mais foi visto abrindo a porteira pra passar a boiada.

Sérgio Reis pode também sumir do mapa na próxima semana, mesmo estando fora da lista do ex-senador Magno Malta.

Nos próximos dias, um juiz ajuizado pode pedir para que alguém abra uma porteira de ferro pro nosso boiadeiro entrar.

Assim, o Véio Quaker irá tocar o seu berrante golpista no fundo de uma masmorra, fazendo companhia ao cantor de óperas Bob Jefferson, ex-sogro do infanticida Doutor Jairinho e vizinho de Sérgio Cabral.

Quando chegar o carcereiro com a lavagem, o nosso amalucado conspirador perceberá que panela velha nem sempre faz comida boa.

Oremos ao senhor.

Publicado em Revista Fórum, no dia 15 de agosto de 2021. Reprodução. 

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